SOZINHOS NA MULTIDÃO
Salete Marisa Dian Biagioni
Psicóloga – CRP: 18035-06
Quantas vezes nos sentimos sozinhos na multidão?
Quantas vezes nos sentimos tomados por aquele sentimento de inadequação, de estar no lugar errado e querer sair correndo?
Quantas vezes nos esforçamos para estar bem, vestindo uma roupa bonita, arrumando os cabelos ou comprando o carro do ano?
Quantas vezes depositamos nossas esperanças na chegada de um grande amor que trará toda a felicidade sonhada e estaremos salvos da solidão?
Muitas vezes nos lançamos nessa busca desenfreada por alguém ou por alguma coisa que resolva todas as nossas angústias e a cada dia que passa, essa busca torna-se cada vez mais alucinada, onde as expectativas são altas e as frustrações também.
Buscamos o corpo perfeito, o dinheiro fácil e rápido, porque estamos no século 21 e as maravilhas tecnológicas nos proporcionam isso.
O grande problema é que as transformações realmente efetivas e significativas precisam ocorrer de dentro para fora, para se consolidarem pela vida.
Investir na “casca”, naquilo que está fora e que é simplesmente para ser mostrado, não nos permite vivenciar o melhor da vida: o processo de transformação, as conquistas de cada etapa e o amadurecimento. Se eu projetar toda a minha vida para fora ou para a construção de uma “casca”, quando a “casca” se quebrar, porque é só uma “casca”, o que vai sobrar?
Tudo isso é muito bonito, mas o que fazer com o imediatismo que está dentro de mim e de toda a sociedade? Onde é melhor fazer a faculdade em dois anos porque cinco anos é muito tempo, onde eu não tenho tempo e nem disposição para sentir direito o que eu quero?
Corremos atrás de uma felicidade superficial e ilusória que sempre depende de algo ou alguém que vem de fora. Se eu tirei nota baixa na prova, não é porque eu não estudei, é porque o professor é ruim ou se o chefe me mandou embora, não é porque eu não cumpri com minha obrigação, é porque ele me perseguia. Essa é uma atitude cômoda, pois, se eu não conseguir, a responsabilidade não é minha, é sempre do outro, pois é claro que eu serei sempre a vítima.
A condição de passividade diante da vida acaba fazendo com que sejamos meros expectadores de nosso processo de desenvolvimento e de amadurecimento. Só que o nosso grande desafio é viver e não esperar que a vida passe rapidamente diante de nós
A felicidade é algo a ser construído e está dentro de cada um. É preciso investir em si mesmo antes de tudo. Saber quem eu sou e saber do que eu gosto. Saber quais os meus limites e me respeitar para poder me amar, para amar o outro e para ensinar o outro a me amar. Dessa forma não estarei me agredindo fazendo algo que nem sei direito se vou gostar ou algo que fatalmente me trará problemas.
Permitir a si mesmo olhar a vida a partir do encanto das pequenas coisas: o amanhecer de um novo dia, o encanto da luz do sol, a beleza de um céu estrelado naquela noite de frio, a flor do meu jardim, os pingos da chuva, o carinho de um beijo no rosto, o sorriso de um “bom dia”. São as pequenas coisas que nos preparam para as grandes coisas.
Cuidar de mim, do meu corpo, me entender com meus afetos e saber “quem eu sou” e “o que eu quero para mim” e me permitir estar comigo mesmo, isso é essencial.
Só assim estarei pronto para buscar o complemento num outro, que virá para somar e jamais subtrair algo que é meu, mas sim, me fazer melhor.
Se você tiver alguma dúvida ou quiser discutir mais sobre este assunto, escreva uma mensagem, e mande por email para contato@nucleoquaternidade.com.br